Perfil dos egressos da Faculdade de Medicina do ABC: o que eles pensam sobre atenção primária em saúde?

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Marcelo Eduardo Pfeiffer Castellanos
Adozinda de Fátima Marques Henriques da Silveira
Lourdes Conceição Martins
Vânia Barbosa do Nascimento
Cledson Silveira da Silva
Fernando Henrique Britto Bortollotte
Juliana Bueno Garcia
Pablo Eduardo Elias
Marco Akerman

Resumo

A Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) graduou até 2004, aproximadamente, 3.100 médicos. Este artigo objetiva apresentar o perfil sociodemográfico, a formação de pós-graduação, a inserção profissional e o perfil de renda desses egressos. Busca, também, identificar a avaliação do egresso quanto à qualidade do ensino recebido na FMABC e sua percepção a respeito da atenção primária em saúde (APS). Realizou-se um estudo transversal, através de um questionário fechado, autoaplicado, enviado em 2006, por correio, para uma amostra aleatória de 800 egressos. As variáveis são apresentadas através de medidas de frequências. Obtivemos 152 questionários respondidos, sendo 88 por homens e 64 por mulheres. Quase 89% dos egressos é paulista e 70,4% estão casados. Os respondentes (85,5%) consideraram o curso de Medicina excelente ou bom. A quase totalidade (96,7%) fez residência médica. Quase todos (90%) realizam sua atividade principal de trabalho no setor assistencial. Mais da metade (52%) ganha entre R$ 4.000,00 e R$ 10.00,00. A maioria (80,3%) caracteriza APS “como a principal porta de entrada do sistema de saúde”, se filiando a uma concepção organizacional de APS tomada como parte de um sistema piramidal de atenção. Apesar de 82,9% considerarem que a APS teve média/grande importância em sua vida profissional, poucos (2,6%) a definem como espaço de operacionalização de um trabalho complexo no trato dos problemas de saúde. Esses dados mostram que o debate sobre a formação médica e sobre o papel da APS no sistema de saúde deve ser ampliado, de modo a superar visões dicotômicas sobre a realidade.

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Seção
Artigos Originais

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