Avaliação da dor no recém-nascido prematuro: parâmetros fisiológicos versus comportamentais

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Carla Marques Nicolau
Kiliana Modesto
Priscila Nunes
Karina Araújo
Heloisa Amaral
Mário Cícero Falcão

Resumo

Introdução: A dor no período neonatal é motivo de inúmeros estudos, sendo fundamental para a sua abordagem uma avaliação criteriosa e adequada. Objetivo: Comparar as variáveis fisiológicas com as comportamentais para a avaliação da dor em recém-nascido (RN) prematuro. Métodos: Estudo realizado entre fevereiro de 2003 e maio de 2004, com recém-nascidos de idade gestacional (IG) abaixo de 34 semanas e peso de nascimento menor que 1500 g, submetidos à ventilação mecânica e não sedados. As variáveis fisiológicas estudadas foram as freqüências cardíaca (FC) e respiratória (FR) e a saturação de oxigênio (SatO2); as variáveis comportamentais foram avaliadas por meio da escala de dor do recém-nascido - Neonatal Infant Pain Scale (NIPS). Todas as variáveis foram controladas no terceiro dia de vida do RN, antes, imediatamente após e cinco minutos após o procedimento de aspiração endotraqueal. Resultados: Foram estudados 50 RNs com IG média ao nascimento de 29,98 ± 2,24 semanas e peso médio de nascimento de 1087,20 ± 350,06 g, sendo 28 (56%) RN do sexo feminino e a doença das membranas hialinas foi diagnosticada em todos os RNs estudados. Pelo teste t-Student verificou-se diferença significante na SatO2 nos momentos estudados, sendo o mesmo não observado em relação a FC e FR. A mediana da NIPS foi maior nos momentos pós aspiração. As variáveis fisiológicas mostraram-se pouco sensíveis à detecção da dor (FC: 40,7%, FR: 24,1%, SatO2: 6,6%), e a escala NIPS mostrou-se mais específica para a mesma avaliação (86,6%). Conclusão: As variáveis fisiológicas apresentaram pouca sensibilidade e especificidade para a avaliação da dor no RN prematuro, quando avaliadas isoladamente.

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Seção
Artigos Originais

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