Gravidade da cardiopatia congênita e nível de redução da variabilidade da frequência cardíaca

Conteúdo do artigo principal

Moacir Fernandes de Godoy
Gabriela Nascimento Marques
João Maeda
Bruna Bento Madalozzo
Larissa Helena Marques Carrai
Giovana Davi Lorente
Karolyne Barroca Sanches
Carlos Marcelo Pastre
Luiz Carlos Marques Vanderlei

Resumo

Introdução: A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) tem sido utilizada como medida do balanço autonômico, ou seja, da relação entre o sistema simpático e o parassimpático, sendo, indiretamente, um indicativo do nível homeostático do indivíduo. Há relatos de redução da VFC em cardiopatias congênitas, mas não há estudos mais sistematizados buscando correlação entre a gravidade estrutural e funcional da cardiopatia e o grau de redução da variabilidade. Objetivo: Conduzir um estudo piloto em um grupo de cardiopatas congênitos buscando indícios de menor VFC correlacionada à pior condição estrutural ou funcional da cardiopatia em questão. Método: Foram avaliados 17 pacientes, sendo 11 portadores de cardiopatias congênitas consideradas de baixo impacto estrutural e seis com cardiopatias cianogênicas graves. Foi feita a captação das séries temporais por meio do equipamento Polar RS800® em situação de repouso, na posição supina, no período da manhã, selecionando-se 1 mil intervalos RR consecutivos para análise com o software Kubios HRV Analysis, de variáveis nos domínios do tempo (SDNN, RMSSD), no domínio da frequência (LFms², HFms²) e não lineares (SD1, SD2 e Entropia de Shannon). Utilizou-se um grupo de 21 crianças normais como controle. Resultados: Foi possível detectar redução da VFC nos três domínios estudados, com valor p limítrofe para significância. E para a Entropia de Shannon, detectou-se diferença estatística (p=0,0020), indicando que o grupo com maior comprometimento estrutural ou funcional apresenta pior balanço homeostático. Conclusão: Pacientes portadores de cardiopatia congênita com importante comprometimento estrutural e/ou funcional apresentam redução da VFC, traduzindo desbalanço homeostático.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos Originais

Referências

Vanderlei LCM, Pastre CM, Hoshi RA, Carvalho TD, Godoy MF. Noções básicas de variabilidade da frequência cardíaca e sua aplicabilidade clínica. Rev Bras Cir Cardiovasc. 2009;24(2):205-17. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-76382009000200018

Selig FA, Tonolli ER, Silva EVCM, Godoy MF. Variabilidade da frequência cardíaca em neonatos prematuros e de termo. Arq Bras Cardiol. 2011;96(6):443-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2011005000059

Vanderlei LC, Pastre CM, Freitas Júnior IF, Godoy MF. Analysis of cardiac autonomic modulation in obese and eutrophic children. Clinics. 2010;65(8):789-92. http://dx.doi.org/10.1590/S1807-59322010000800008

Massin M, von Bernuth G. Clinical and haemodynamic correlates of heart rate variability in children with congenital heart disease. Eur J Pediatr. 1998;157(12):967-71. http://dx.doi.org/10.1007/s004310050979

Finley JP, Nugent ST, Hellenbrand W, Craig M, Gillis DA. Sinus arrhythmia in children with atrial septal defect: an analysis of heart rate variability before and after surgical repair. Br Heart J. 1989;61(3):280-4. http://dx.doi.org/10.1136/hrt.61.3.280

Hata T, Mano S, Kusuki M, Matsuura H, Miyata M, Yamazaki T, et al. Difference in autonomic nervous control between ventricular septal defect and atrial septal defect based on heart rate variability. Pacing Clin Electrophysiol. 2007;30(Suppl 1): S212-4. http://dx.doi.org/10.1111/j.1540-8159.2007.00640.x

Vanderlei LC, Silva RA, Pastre CM, Azevedo FM, Godoy MF. Comparison of the Polar S810i monitor and the ECG for the analysis of heart rate variability in the time and frequency domains. Braz J Med Biol Res. 2008;41(10): 854-9. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-879X2008005000039

Gamelin FX, Berthoin S, Bosquet L. Validity of polar S810 heart rate monitor to measure R-R intervals at rest. Med Sci Sports Exerc. 2006;38: 887-93. http://dx.doi.org/10.1249/01.mss.0000218135.79476.9c

Davos CH, Davlouros PA, Wensel R, Francis D, Davies LC, Kilner PJ, et al. Global impairment of cardiac autonomic nervous activity late after repair of tetralogy of Fallot. Circulation. 2002;106(12 Suppl 1): I69-75.