Experiência inicial do serviço de cirurgia bariátrica da Faculdade de Medicina do ABC
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Resumo
Paradoxo da realidade econômica mundial, no qual a fome é um flagelo da sociedade, a obesidade ganha espaço na humanidade, atingindo cerca de 300 milhões de pessoas, sendo que cerca de 10% expressem a variedade mórbida (IMC > 40 kg/m²), tendo na cirurgia seu único tratamento efetivo. Os autores relatam a experiência e dificuldades na implantação do Serviço de Cirurgia Bariátrica da Faculdade de Medicina do ABC, bem como os resultados alcançados em 312 obesos mórbidos tratados. A opção cirúrgica foi a Gastroplastia Vertical com Banda e Reconstrução Intestinal em Y de Roux (GVYR) em 273 pacientes; colocação endoscópica de BIB em 33; derivação bileopancreática em 4 e banda gástrica ajustável em 2 pacientes. Cinco pacientes apresentaram obstrução anastomótica sendo reoperadas. Foram observados 7 casos de fístula no pósoperatório, sendo que três pacientes foram reoperados. Houve 4 óbitos (1,3%): uma paciente por infarto agudo do miocárdio; duas pacientes por tromboembolismo pulmonar e um óbito devido a sepsis por deiscência da linha de grampos, sendo a paciente idosa, diabética, hipertensa e cardiopata. Dentre os 308 pacientes restantes, a resposta a um questionário sobre a qualidade de vida, 293 afirmaram terem uma qualidade ótima/boa (95,1%) e 15 pacientes qualidade regular (4,9%). Após um ano de pós-operatório, 98,5% dos pacientes tiveram redução de peso superior a 40%. Destarte, conclui-se que, sendo a obesidade doença complexa e multifatorial, os serviços universitários, públicos e particulares devem compor equipe multidisciplinar que agirá integradamente na atenção ao obeso, individualizando suas características, tratamento e acompanhamento, ciente de suas particularidades e riscos.
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