Antibioticoterapia em crianças indígenas e não indígenas desnutridas
Conteúdo do artigo principal
Resumo
Introdução: A prevalência da desnutrição infantil vem diminuindo em todo o mundo, mas ainda acomete milhões de crianças, especialmente indígenas. Devido ao elevado número de doenças infecciosas associadas à desnutrição, a antibioticoterapia faz parte da terapêutica recomendada. Objetivo: Observar os casos de desnutrição entre crianças indígenas e não indígenas hospitalizadas e a terapêutica empregada durante o tratamento. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo, farmacoepidemiológico, realizado com informações extraídas de prontuários arquivados do período de janeiro de 2012 a dezembro de 2014 de um hospital público. Resultados: Participaram 166 crianças, sendo o número de crianças indígenas aproximadamente seis vezes maior do que não indígenas. Houve maior prevalência entre lactentes e crianças com idade inferior a um ano apresentaram mais chances de serem internadas por desnutrição. Os diagnósticos de desnutrição mais vistos foram os inespecíficos, com uma proporção significativa de óbitos relacionados ao diagnóstico E43. As infecções mais comuns foram do sistema digestório e respiratório. Crianças indígenas tiveram quase cinco vezes mais chances de apresentarem infecção respiratória. A maior proporção recebeu até três antibióticos, havendo crianças que receberam mais que sete antibióticos diferentes durante o período de internação. Conclusão: A população infantil deve ser acompanhada por meio de inquéritos que possam subsidiar políticas de saúde que atendam suas necessidades. É necessária a capacitação dos profissionais envolvidos no cuidado da criança desnutrida, recursos materiais e financeiros, a fim diminuir o número de diagnósticos inespecíficos e evitar o uso indiscriminado de antibióticos, sendo imprescindível uma política de controle efetiva no uso da politerapia antimicrobiana.
Downloads
Detalhes do artigo
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob uma licença Creative Commons CC BY que permite o compartilhamento e adaptação do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
Referências
United Nations. The Millennium Development Goals Report 2015. New York: United Nations, 2015; p.14-23.
Horta BL, Santos RV, Welch JR, Cardoso AM, Santos JV, Assis AM, et al. Nutritional status of indigenous children: findings from the First National Survey of Indigenous Peoples Health and Nutrition in Brazil. Int J Equity Health. 2013;12:23. http://dx.doi.org/10.1186/1475-9276-12-23
World Health Organization (WHO). Guideline: updates on the management of severe acute malnutrition in infants and children. Geneva: World Health Organization, 2013.
Alcoba G, Kerac M, Breysse S, Salpeteur C, Galetto-Lacour A, et al. Do children with uncomplicated severe acute malnutrition need antibiotics? A systematic review and meta-analysis. PLoS One. 2013;8(1):e53184. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0053184
Trehan I, Goldbach HS, LaGrone LN, Meuli GJ, Wang RJ, Maleta KM, et al. Antibiotics as part of the management of severe acute malnutrition. N Engl J Med. 2013;368(5):425-35. http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa1202851
Souza LG, Santos RV, Coimbra Jr CEA. Estrutura etária, natalidade e mortalidade do povo indígena Xavante de Mato Grosso, Amazônia, Brasil. Cienc Saude Coletiva. 2010;15(Supl. 1):1465-73. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232010000700058
Barreto CTG, Cardoso AM, Coimbra Jr CEA. Estado nutricional de crianças indígenas Guarani nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, Brasil. Cad Saude Publica. 2014;30(3):657-62. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00117813
Coimbra Jr. CEA. Saúde e povos indígenas no Brasil: reflexões a partir do I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena. Cad Saude Publica. 2014;30(4):855-9. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311X00031214
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Características gerais dos indígenas: resultados do universo. Rio de Janeiro: IBGE; 2010, p 244.
Reichardt FV, Garavello MEPE. Quando habitar corresponde ao direito humano à alimentação. Revista de direito internacional. 2017;14(1):68-79.
Castro GTM, Kaufer-Horwitz M, Carrillo-López HA, Klünder-Klünder M, Jarillo-Quijada A, García-Hernández HR. Estado nutricional de niños en condiciones críticas de ingreso a las unidades de terapia intensiva pediátrica. Bol Med Hosp Infant Mex. 2013;70(3):216-21.
Dias MCAP, Freire LMS, Franceschini LCC. Recomendações para alimentação complementar de crianças menores de dois anos. Rev Nutr. 2010;23(3):475-86. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732010000300015
Machado AKF, Elert VW, Pretto ADB, Pastore CA. Intenção de amamentar e de introdução de alimentação complementar de puérperas de um Hospital-Escola do sul do Brasil. Cienc Saúde Coletiva. 2014;19(7):1983-9. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232014197.03162013
Pedraza DF, Araujo EMN. Internações das crianças brasileiras menores de cinco anos: revisão sistemática da literatura. Epidemiol Serv Saúde. 2017;26(1):169-82. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742017000100018
Patzer JD, Menegolla IA. Hospitalização de crianças indígenas de etnia Guarani, Distrito Sanitário Especial Indígena Litoral Sul, Rio Grande do Sul. Tempus Actas Saúde Coletiva. 2013;7(4):195-204. http://dx.doi.org/10.18569/tempus.v7i4.1429
Lunardi R, Santos RV, Coimbra Jr CEA. Morbidade hospitalar de indígenas Xavante, Mato Grosso, Brasil (2000-2002). Rev Bras Epidemiol. 2007;10(4):441-52. http://dx.doi.org/10.1590/S1415-790X2007000400002
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde; 2005.
Cantón SBF, Uribe RV. La mortalidad por desnutrición en México en menores de cinco años, 1990-2009. Bol Med Hosp Infant Mex. 2010;67(5):471-3.
Lima AM, Gamallo SMM, Oliveira LFC. Desnutrição energético-proteica grave durante a hospitalização: aspectos fisiopatológicos e terapêuticos. Rev Paul Pediatr. 2010;28(3):353-61. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-05822010000300015
Caldart RV, Marrero L, Basta PC, Orellana JDY. Fatores associados à pneumonia em crianças Yanomami internadas por condições sensíveis à atenção primária na região norte do Brasil. Cien Saude Coletiva. 2016;21(5):1597-1606. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015215.08792015
Lazzerini M, Tickell D. Antibiotics in severely malnourished children: systematic review of efficacy, safety and pharmacokinetics. Bull World Health Organ. 2011;89(8):593-606. http://dx.doi.org/10.2471/BLT.10.084715
Manary MJ, Maleta K, Trehan I. Randomized, double-blind, placebo-controlled trial evaluating the need for routine antibiotics as part of the outpatient management of severe acute malnutrition. Washington: Bridge; 2012, p.6-11.
Oliveira KR, Munaretto P. Uso racional de antibióticos: responsabilidade de prescritores, usuários e dispensadores. Rev Contexto Saúde. 2013;10(18):43-51. https://doi.org/10.21527/2176-7114.2010.18.43-51
Organização Mundial de Saúde (OMS). A crescente ameaça da resistência antimicrobiana opções de ação. Genebra: Organização Mundial de Saúde, 2012; p. 6-12.
Silva ERM. Análise do perfil das prescrições de antimicrobianos na clínica médica de um hospital público do Pará. Rev Bras Farm Hosp Serv Saúde. 2012;3(2):15-19.