O crack e o desenvolvimento motor de bebês moradores de um abrigo assistencial

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Mariana Zabadal Midon
Laís Rodrigues Gerzson
Carla Skilhan de Almeida

Resumo

Introdução: O desenvolvimento motor do bebê acontece naturalmente com interação complexa do seu corpo, realizando tarefas em seu contexto. Quando este corpo sofre algum tipo de influência externa negativa, como o uso de drogas durante a gestação da sua mãe e ele se desenvolve em um ambiente diferente de sua casa, como em abrigos, questiona-se como está esse desenvolvimento motor. Objetivo: Avaliar o desenvolvimento motor de bebês moradores de abrigos assistenciais, filhos de usuárias de crack durante a gestação, verificar se existe associação de atraso motor nestes bebês, bem como, descrever o ambiente em que estavam inseridos. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com amostra por conveniência. Foram 29 bebês entre três e 16 meses. Eram 22 filhos de usuárias de crack durante a gestação (Grupo Crack) e sete cujas mães não fizeram uso da droga (Grupo Não-Crack), todos moradores de um abrigo específico. Para avaliar o desenvolvimento motor amplo foi utilizada a Alberta Infant Motor Scale (AIMS) e para a avaliação das oportunidades do ambiente domiciliar, foi utilizada a Affordances in the Home Environment for Motor Development – Infant Scale (AHEMD-IS). Resultados: Em 36,4% dos bebês do crack apresentaram atraso em seu desenvolvimento, 18,2% suspeita e a maioria era bebê típico (45,5%), portanto, não houve associação estatisticamente significativa de bebês crack com o atraso no desenvolvimento, tampouco com faixa etária e sexo. Conclusão: Os bebês do grupo Crack não eram mais atrasados do que o grupo Não-crack e as oportunidades do ambiente eram razoáveis para o desenvolvimento dos bebês.


 

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Como Citar
Midon, M. Z., Gerzson, L. R., & Almeida, C. S. de. (2021). O crack e o desenvolvimento motor de bebês moradores de um abrigo assistencial. ABCS Health Sciences, 46, e021215. https://doi.org/10.7322/abcshs.2019159.1428
Seção
Artigos Originais
Biografia do Autor

Mariana Zabadal Midon, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Porto Alegre (RS), Brasil

Fisioterapeuta

Laís Rodrigues Gerzson, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Porto Alegre (RS), Brasil

Fisioterapeuta, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação Saúde da Criança e do Adolescente, (UFRGS) -  Porto Alegre (RS), Brasil.

Carla Skilhan de Almeida, Departamento de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) - Porto Alegre (RS), Brasil

Fisioterapeuta, Professora no Departamento de Educação Física, Fisioterapia e Dança, (UFRGS) -  Porto Alegre (RS), Brasil.

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